31 agosto 2007

Conto Sentimental

A ILHA DOS SENTIMENTOS...

Era uma vez uma Ilha onde moravam todos os sentimentos: a Alegria, a Tristeza, a Vaidade, a Sabedoria o Amor e outros...Um dia avisaram aos moradores da Ilha que ela seria inundada! Apavorado, o Amor cuidou para que todos os sentimentos se salvassem. Ele disse: fujam!!! A Ilha vai se inundada! Todos correram e pegaram os barquinhos para irem até um morro bem alto. Só o amor não se apressou...amava a Ilha e queria ficar um pouco mais...

Quando já estava se afogando, correu pra pedir ajuda...Vinha vindo a riqueza e ele disse: Riqueza me leva com você? – Não posso, meu barco está cheio de prata e ouro...você não cabe aqui...Passou a Vaidade e o Amor pediu: Vaidade, me leva com você? – Não posso, você vai sujar meu barco novo...Daí, passou a Tristeza e mais uma vez o Amor pediu: Me leva com você? – Ah! Amor! Eu estou tão triste que prefiro ir sozinha...Passou a Alegria, mas ela estava tão alegre que nem viu o Amor...! Já desesperado e achando que iria ficar só, o amor começou a chorar...

Daí, passou um velhinho e, olhando, falou: Sobe Amor...eu te levo! O Amor ficou tão feliz que esqueceu de perguntar o nome do velhinho!!!Por fim, chegando no morro alto, o amor encontrou a Sabedoria e perguntou-lhe: Quem era aquele velhinho que me trouxe até aqui? – O Tempo! Respondeu a Sabedoria.-O Tempo? Mas por que só o tempo me trouxe até aqui? A Sabedoria respondeu: Só o Tempo é capaz de reconhecer um grande Amor...!

Chico + Paulinho = Todo Sentimentos

Eis as canções que inspiraram o nome do blog.

Todo Sentimento
Composição: Chico Buarque e C. Bastos

Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente
Preciso conduzir
Um tempo de te amar
Te amando devagar e urgentemente
Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez
Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente
Prefiro então partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente
Depois de te perder
Te encontro com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu

Sentimentos
Composição: Paulinho da viola

Sentimentos em meu peito eu tenho demais
A alegria que eu tinha nunca mais
Depois daquele dia em que eu fui sabedor
Que a mulher que eu mais amava
Nunca me teve amor
Hoje ela pensa que estou apaixonado
Mas é mentira está dando o golpe errado
Agora estou resolvido
A não amar a mais ninguém
Porque sem ser amado não convém

Alguém já pensou numa forma de como conduzir um tempo de amar? Já pensou se pudéssemos recolher todo o sentimento, guardar bem guardadinho para depois, quem sabe mais preparado, dar vazão a ele com toda a forma, tempo e intensidade que merecesse? E o que dizer dos versos "Prometo te querer até o amor cair, doente, doente"? É lindo, mas tem uma honestidade que chega a ser cruel. Porque as pessoas só prometem amor eterno, ou mesmo um amor eterno enquanto dure, mas nunca ninguém ousa prometer amor com prazo de validade. Só Chico. Sentimentos de Paulinho me pega pelo verso inicial, porque sentimentos, no meu peito eu tenho demais. Que bom!!

Na íntegra: O que será?

Nada mais oportuno do que postar na íntegra duas versões desse poema-canção. Lendo, eu chego a seguinte conclusão: a genialidade de Chico é a única unanimidade no Brasil. E não é burra hein!

Leia e responda, ainda que pra si mesmo, e se for capaz, a pergunta que faço ao final.

O Que Será (À flor da Terra)
Composição: Chico Buarque & Milton Nascimento


O que será que me dá que me bole por dentro
Será que me dá
Que brota a flor da pele será que me dá
E que me sobe as faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo me faz implorar
O que não tem medida nem nunca terá
O que não tem remédio nem nunca terá
O que não tem receita
O que será que será
Que dá dentro da gente que não devia
Que desacata a gente que é revelia
Que é feito aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os unguentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos toda alquimia
Que nem todos os santos será que será
O que não tem descanso nem nunca terá
O que não tem cansaço nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro será que me dá
Que me perturba o sono será que me dá
Que todos os ardores me vem atiçar
Que todos os tremores me vem agitar
E todos os suores me vem encharcar
E todos os meus nervos estão a rogar
E todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz suplicar
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem juízo
O Que Será?
Composição: Chico Buarque
O que será, que será?
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Que estão falando alto pelos botecos
E gritam nos mercados que com certeza
Está na natureza
Será, que será?
O que não certeza nem nunca terá
O que não tem conserto nem nunca terá
O que não tem tamanho...
O que será, que será?
Que vive nas idéias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Que está no dia a dia das meretrizes
No plano dos bandidos dos desvalidos
Em todos os sentidos...
Será, que será?
O que não tem decência nem nunca terá
O que não tem censura nem nunca terá
O que não faz sentido...
O que será, que será?
Que todos os avisos não vão evitar
Por que todos os risos vão desafiar
Por que todos os sinos irão repicar
Por que todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai abençoar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo...
Lá lá lá lá lá...
Fica a pergunta: a que será que o gênio se refere nesses versos?

Editorial de Abertura

"O que será que me dá que me bole por dentro
Será que me dá
Que brota a flor da pele será que me dá
E que me sobe as faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo me faz implorar
O que não tem medida nem nunca terá
O que não tem remédio nem nunca terá
O que não tem receita"

(O que será? – Chico Buarque de Hollanda)

Pois é! Não sei o que me dá. E por não saber, ponho-me a procurar o que será que me deu, que me dá ou me dará. Na verdade, verdade mesmo, pouco importa descobrir ! O que não pode mesmo é deixar de dá, assim eu penso. O importante pra mim, como bom geminiano, é a procura, é o caminho, é a estrada, não o fim. Até porque, como diz a canção dos irmãos Márcio e Lô Borges "estrada há de fazer o sonho acontecer" (é bom se acostumarem com essa minha mania de citar canções).

Bem, navegando pela internet, passei por vários blogs interessantes, que me fizeram despertar para esse universo blogueiro. Pensei: é, pode ser legal. Gosto de escrever, de expor meus pensamentos, de refletir sobre minhas obras preferidas. E quem sabe, exercitar isso e ao mesmo tempo dividir com pessoas conhecidas ou não, vai-me dar uma grande satisfação? Então, cá estou, atrevidamente experimentando.

Mas porque será que me deu essa vontade de ser blogueiro? Ora, não sei ao certo. Talvez essa iniciativa tenha sido um impulso motivado pela necessidade e prazer que sinto em partilhar e trocar idéias e curiosidades a respeito das coisas do mundo, especialmente aquelas que me despertam os melhores sentimentos. Sim, porque sou TODO SENTIMENTO. E de tantos sentimentos, já dizia Arnaldo Antunes, deve haver algum que sirva. Sirva para nos fazer bem, nos fazer refletir e até mesmo nos fazer aprender.

Tantas coisas me provocam sentimentos: um poema, uma crônica, uma livro, uma imagem, um filme, uma canção, uma conversa, um suspiro, um sorriso, uma lembrança, um abraço, uma criança...Por razões mais do que óbvias, não poderia deixar de citar os meus três grandes amores: meu filho Davi, a quem dedico meus melhores sentimentos, meu Flamengo e o meu Salgueiro. Digo "meu" com orgulho porque tenho a certeza que esses amores são enternos. E ter essa certeza é muito bom.

Acho importante contar como cheguei ao nome "Todo Sentimentos". Bem, tanta coisa me interessam nada tanto assim quanto música e sentimentalidades. A partir daí foi fácil decidir buscar inspiração nas obras de Chico Buarque e Paulinho da Viola, que através de suas músicas me causam os mais variados sentimentos. Pra quem não sabe, Todo Sentimento é mais uma bela, emocionante e profunda canção de Chico (Soa como redundância né?). E Sentimentos é um lindo, poético e elegante samba de Paulinho. Embora, confesso, já tenha vivido o contexto dessas canções, não é nele que gostaria de vincular o tema do blog, mas simplesmente nos títulos das canções. Unindo-os encontrei uma forma de reverenciar meus ídolos e retratar bem o espírito do blog, além de mim, que sou todo sentimentos.

Em se tratando de contextualização, cabe muito mais citar como referência para o blog a canção "O que será? (A flor da pele)". Essa música eu descobri ainda menino. Minha irmã Izaura sempre teve muitos LPs (é isso mesmo, antes da era CD) de MPB. E eu, curioso como sempre, estava sempre fuçando os LPs e pondo na vitrola (sabem o que é né?). E essa canção me deu algo que não soube explicar, mas gostava porque me emocionava. É assim até hoje.

Enfim, amigos, a idéia é essa. Mas há de se ressaltar que é despretensiosa. Não sou escritor, e nem sei se tenho talento para ser um blogueiro, mas vou tentar. Na verdade, faço por exercício de reflexão, de paixão, de descontração; e de sentimento, que é o que me move. Apenas por isso. O resto, como diz Paulinho, são coisas do mundo minha nega.