26 setembro 2007

Gostoso como um beijo de amor!


Ando atribulado por demais. Enrolado mesmo. Por isso a ausência indesejada por aqui! Mas entre a correria do trabalho e os probleminhas pessoas para resolver me chamou a atenção uma celeuma que se criou em torno da cafeteira comunitária do meu trabalho. A máquina que a empresa disponibiliza para os funcionários fornece um café de se lamentar. Deplorável e intragável. A partir daí, eu e mais alguns colegas de setor nos cotisamos para comprar uma cafeteira a fim de desfrutarmos de um cafezinho decente.

Pois bem, o projeto ganhou proporções vultosas. A cafeteria passou a funcionar regularmente e duas vezes ao dia tínhamos café fresco. Aí rola um bolinho aqui, um biscoitinho alí. Muito bom! Além, claro, de servir como fator de integração pessoal, já que pessoas de setores mais distantes passaram a integrar a turma do café.

Aí que surge a questão. Ora, não basta colaborar financeiramente, é preciso fazer. Aqui se bebe, aqui se faz. Esse era o lema. Cada vez mais gente pertencia ao grupo e menos se dispunham a fazer o café. Até que num belo dia a nossa querida e brava cafeteira foi confiscada pela área de segurança da empresa. Sempre soubemos que estávamos na clandestinidade, mas arriscávamos. Confiscaram sob a alegação de risco de incêndio. Bem, têm lá suas razões.

O fato é que ficou todo mundo na abstinência da cafeína! Mas somente por algumas semanas. Sucumbimos ao vício e voltamos a clandestinidade. E não que o problema aumentou? Ficamos com menos colaboradores efetivos! Ah, neguinho não é mole! Beber quer, mas fazer não!? Para piorar, alguns que regularmente faziam, deixaram de fazer, sob a justificativa de que se ninguém fizesse, os preguiçosos se coçariam. Será?

Foi isso que me fez pensar. Seria conveniente pra mim agir assim? Ora, eu quero muito uma coisa! Mas para eu obter essa coisa, ou eu vou lá e faço acontecer, ou espero alguém fazer alguma coisa para depois sim eu alcançar meu objetivo. Caso a pessoa não faça eu não terei jamais. Olha sinceramente, dane-se! Eu faço o meu cafezinho na boa se me der vontade! Não me privo! Cada um com sua consciência!

E por falar em café! Eu fiquei sabendo um pouco da história do café através de um samba-enredo da minha escola. É gente, carnaval é cultura! O Salgueiro, em 1992, contou na Sapucaí como o Café - O Negro que Virou Ouro nas Terras do Salgueiro - surgiu e se propagou nas terras tupiniquins. Um desfile espetacular, diga-se de passagem!A foto acima do abre-alas lindíssimo vem para corroborar. Não ganhou para variar. Ganharia no ano seguinte com um tal de Explode Coração, um samba que ninguém conhece...


O Negro Que Virou Ouro nas Terras do Salgueiro
Autor(es): Bala, Efealves, Preto Velho, Sobral e Tiãozinho do Salgueiro


História, beirando a poesia
Lenda, sonho e fantasia
Abissínia, Arábia
A natureza é tão sábia
Num quê de malícia
Trouxe essa delícia ao Pará

Dizem então (dizem então)
Que foi a terra, o sol, este luar
Que o fez se apaixonar por esse chão
E se espalhar como um mar

Da cor da raça
Cheiro de sabor (sabor)
Gostoso como um beijo do amor

O ciclo do café era a riqueza
Fausto e luxo da nobreza
E suor da escravidão
Sonso, vira rico e rotina
Filosofia de esquina
Cafezinho no balcão
Tem até quem admite
Que ele dá bom palpite
Na loteria popular
Cadê o bom café, foi viajar
Onde andará... eu sei lá


Soca no pilão
Preto velho mandingueiro
O negro que virou ouro
Lá nas terras do Salgueiro


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