16 janeiro 2008

Da série : o que é o amor?

Inspirado pelo show que assisti na sexta passada, vamos ao que diz um grande nome da música popular brasileira: Djavan.


Faltando um Pedaço
Djavan

O amor é um grande laço, um passo pr'uma armadilha
Um lobo correndo em círculos pra alimentar a matilha
Comparo sua chegada com a fuga de uma ilha:
Tanto engorda quanto mata feito desgosto de filha

O amor é como um raio galopando em desafio
Abre fendas cobre vales, revolta as águas dos rios
Quem tentar seguir seu rastro se perderá no caminho
Na pureza de um limão ou na solidão do espinho

O amor e a agonia cerraram fogo no espaço
Brigando horas a fio, o cio vence o cansaço
E o coração de quem ama fica faltando um pedaço
Que nem a lua minguando, que nem o meu nos seus braços

Na minha humilde opnião, definir o que é amor é algo muito complicado. Simplesmente porque acho que existem várias formas de amar, muitas delas, quem sabe, até desconhecidas. Por isso mesmo definir tamanho sentimento é algo sempre desafiador e interessante. Poucos conseguem chegar a conclusões e definições que podemos aceitar como verdade incontestável. Mas certamente, se conjugarmos o verbo "djavanear" algumas belas definições, ainda que utópicas, nos passaram imensa convicção. A música "Faltando Um Pedaço" é prova disso.

Vamos djavanear o que há de bom!

PAI

Pai
Fábio Jr


Pai!
Pode ser que daqui a algum tempo
Haja tempo prá gente ser mais
Muito mais que dois grandes amigos
Pai e filho talvez...

Pai!
Pode ser que daí você sinta
Qualquer coisa entre
Esses vinte ou trinta
Longos anos em busca de paz...

Pai!
Pode crer, eu tô bem
Eu vou indo
Tô tentando, vivendo e pedindo
Com loucura prá você renascer...

Pai!
Eu não faço questão de ser tudo
Só não quero e não vou ficar mudo
Prá falar de amor
Prá você...

Pai!
Senta aqui que o jantar tá na mesa
Fala um pouco tua voz tá tão presa
Nos ensine esse jogo da vida
Onde a vida só paga prá ver...

Pai!
Me perdoa essa insegurança
Que eu não sou mais
Aquela criança
Que um dia morrendo de medo
Nos teus braços você fez segredo
Nos teus passos você foi mais eu...

Pai!
Eu cresci e não houve outro jeito
Quero só recostar no teu peito
Prá pedir prá você ir lá em casa
E brincar de vovô com meu filho
No tapete da sala de estar
Ah! Ah! Ah!...

Pai!
Você foi meu herói meu bandido
Hoje é mais
Muito mais que um amigo
Nem você nem ninguém tá sozinho
Você faz parte desse caminho
Que hoje eu sigo em paz
Pai! Paz!...





Pai!? O que significa ser pai? Embora seja difícil traduzir em palavras, hoje eu sei. Porque Deus me concedeu a graça da paternidade. Agora, o que significa ter pai, não sei ao certo. Porque fui privado desta relação, não pela simples questão da separação dos meus genitores, não! Mas sim pela ausência completa do meu pai, vivo até hoje, diga-se de passagem. Que, infelizmente, tá mais para bandido do que herói. Embora, verdade seja dita, jamais teve postura agressiva, violenta, ou algo nesse sentido, mesmo quando vivia sob o mesmo teto dos quatro filhos. No entanto, do alto dos meus 34 anos, sempre me considerei bem resolvido em relação a isso. Afinal, cresci, estudei, formei-me, casei-me, fui pai e já até passei pela dolorosa experiência da separação. Tudo isso sem a "dispensável" presença do meu pai. Pois é, eu cresci e não teve outro jeito.

Meu filho tem 3 anos. E no exato momento que ele deu seu primeiro suspiro de vida, a minha visão da vida mudou. Os meus valores masculinos também. Da mesma forma, a tolerância com toda a negligência paterna do meu genitor tornou-se menos presente, dando lugar a incompreensão. Como pode um homem ter 5 filhos e 5 netos e nem assim, sensibilizar-se com essa bênção? Mais ainda, como um homem consegue viver sabendo exatamente onde residem seus filhos, um deles (eu) morando no mesmo bairro, sem procurá-los. E justamente por isso, por obra do acaso, ao tomar um ônibus foi capaz de senta-se exatamente ao lado do seu filho e não o reconhecer. Isso aconteceu comigo, quando tinha meus 12 anos. Nem por isso, como falei acima, traumatizei-me, certamente por estar cercado de carinho, cuidado, amor e mães. Mas confesso, hoje ao lembrar disso, sinto-me mais afrontado do que na época. Obviamente pela maturidade que a vida e a paternidade me deu.

Impossível conceber uma coisa dessas. Não se trata de obrigação de ser presente. Trata-se de ter prazer e orgulho de estar presente. Meu discernimento não alcança isso. Porém, não obstante eu tenha mudado meu conceito, continuei o tratando com muito respeito, quando ele se dignava a aparecer. Essa é a minha postura, a qual julgo a mais adequada. Aliás, nem se trata de adequação, é questão de impossibilidade mesmo. Não posso doar aquilo que não tenho dentro de mim. Não há porque jogar confetes, demonstrar aquilo que não é legítimo e espontâneo. Não me sinto à vontade em procurá-lo para perguntar como ele está.

Engraçado que tenho, com certeza, muitas coisas do meu pai. Ele é extremamente emotivo. Capaz de chorar por uma saudosa recordação, ao ouvir uma música, ou até mesmo ao ver um desfile memorável de uma Escola de Samba. Sujeito romântico. Galante. Inteligente. Mas, perdeu para seu lado excessivamente boêmio e mulherengo. Aí reside, ainda bem, nossa diferença. Jamais em minha vida teria a coragem de trocar o convívio de minha família por uma noite de samba, uma aventura qualquer. Não sou um poço de fortaleza, mas fraco a esse extremo também não. É uma questão de valores. E ele, infelizmente, os inverteu.

Mas uma coisa mudou em mim. Talvez nem seja uma mudança. Talvez seja apenas o reconhecimento de algo que já estava em mim. Há uns 2 meses atrás estive num churrasco de família comemorando o aniversário de meus primos e afilhados, que completavam 16 anos. Lá estavam alguns parentes, entre ele meu tio Zé Maria, irmão do meu pai. Eles são em vários irmãos. E dentre os que conheci sempre o considerei o mais equilibrado. Aquele que não se deixou levar pela boemia, mas só um pouquinho pela mulherada. Isto porque é sabido que, mesmo aprontando as deles, hoje tem o amor dos filhos e preocupa-se em preservá-lo. Basta cinco minutos de conversa que logo se percebe. Todas as raras vezes que o encontro, isso se confirma.

Fato é que, nesse mesmo dia meu tio chamou a mim e meu irmão num canto para demonstrar sua preocupação com a saúde de meu pai. No intuito de que nós pudesses convencê-lo a procurar um médico para tratar de um caroço que ele tem debaixo do braço. Ora, o que posso eu fazer se quase não o vejo? Se até então nem o telefone dele tinha. Não fui insensível ao problema, mas vejo-me impotente. De qualquer forma, isso mostrou o cuidado do meu tio com o irmão. Mais um ponto para ele no meu conceito.

O churrasco seguiu e aquilo ficou na minha mente. Não propriamente o problema do meu pai, que aliás já tinha conhecimento, mas a atitude do meu tio. Um pouco mais tarde, estava conversando com dois grandes amigos, meu irmão, tia, prima, enfim. E não sei por que águas, o papo descorreu para falar de família. Aliás, lembro-me agora, a minha tinha chamou a atenção para a postura do meu tio. E foi aí, nesse momento, que dei vazão ao que estava martelando na minha cabeça. Aquela conversa me fez constatar uma coisa. A presença do meu pai na minha infância, adolescência e hoje na fase adulta jamais foi dispensável, como eu tinha a convicção. Como me fez falta um pai herói. Tanto para jogar bola comigo, levar-me na escolinha de futebol, como para me confortar diante da dor da separação. E ainda para brincar de vovô com meu filho. É uma lacuna que nem 4 mães, como eu tive, consegue preencher. Nesse dia essa ficha me caiu. E me fez sentir inveja dos meus primos. Não por meu tio Zé Maria ser um pai excepcional. Creio que não. Mas que disse que eu queria um pai excepcional? Como ele estava bom...

Paciência. O que importa é que estou, mesmo parecendo o contrário, desprovido de mágoas. Tenho a consideração na medida em que recebo. E com certeza, mantenho-me sempre receptivo a qualquer gesto de consideração e carinho, sobretudo em relação a meu filho. Mas justamente por tudo que vive e não vivi, guardo quase a certeza de que a relação que terei daqui para frente com meu pai, não vai ser muito diferente do que hoje é. Mas certamente, a relação que tenho com meu filho, ganhou muito mais valor, se é que isso é possível.

08 janeiro 2008

AINDA BEM...

Ainda Bem
Vanessa Da Mata


Ainda bem
Que você vive comigo
Porque se não
Como seria esta vida?
Sei lá, sei lá
Nos dias frios em que nós estamos juntos
Nos abraçamos sob o nosso conforto de amar, de amar

Se há dores tudo fica mais fácil
Seu rosto silencia e faz parar
As flores que me manda são fato
Do nosso cuidado e entrega
Meus beijos sem os seus não dariam
Os dias chegariam sem paixão
Meu corpo sem o seu uma parte
Seria o acaso e não sorte

Ainda bem
Que você vive comigo
Porque se não
Como seria esta vida?
Sei lá, sei lá
Se há dores tudo fica mais fácil
Seu rosto silencia e faz parar
As flores que me manda são fato
Do nosso cuidado e entrega
Meus beijos sem os seus não dariam
Os dias chegariam sem paixão
Meu corpo sem o seu uma parte
Seria o acaso e não sorte

Neste mundo
De tantos anos
Entre tantos outros
Que sorte a nossa hein?
Entre tantas paixões
Esse encontro
Nós dois, esse amor.

Entre tantos outros
Entre tantos anos
Que sorte a nossa hein?
Entre tantas paixões
Esse encontro
Nós dois, esse amor.

Entre tantas paixões
Esse encontro
Nós dois, esse amor.