25 fevereiro 2008

ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ...

Sabe que as vezes eu não caibo em mim de orgulho de si mesmo. Assim como tenho a perfeita coinciência das minhas falhas, por vezes comentadas aqui, não me constrange abrir mão da modéstia pra dizer: sou um cara justo e sensato. E isso é mais louvável principalmente quando envolve assunto relacionados às minhas paixões. Tudo que é tomado pela paixão, causa grande dificuldade de discernimento. Refiro-me agora especificamente ao futebol, paixão nacional, e, não de forma diferente, minha também. Estou indignado com a forma que estão desmerecendo a vitória rubro-negra. Todos os torcedoros rivais, não somente botafoguenses, estão a todo custo querendo constranger os rubro-negros no sentido de que tenhamos vergonha de comemorar mais um título, dada a uma alegada roubalheira. Pera lá! Eu vi o jogo! Será que meu senso crítico e de justiça falharam tremendamente?? Será?? Estava quase me sentindo culpado por ser campeão, pensando até em mandar um e-mail para a Gávea pendindo que eles entregassem a taça lá em General Severiano. Sabe quando a gente fica penalizado em ver uma criança chorando por um brinquedo tomado das mãos e quer interceder em seu favor? Então, assim estava me sentindo. Mas depois de ler alguns cronistas esportivos, sérios e imparciais, vi que na verdade, continuo sendo justo e sensato. E orgulhoso de si mesmo! Mas porque essa comoção??? Tentemos analisar...

Os cariocas adoram futebol! Vivem intensamente o climas que precedem os grandes jogos no nosso maraca. Essa semana não foi diferente! Estava em jogo a conquista de uma tradicional taça, a qual o meu Flamengo já conquistara 17 vezes, a última em 2007. Mas, apesar da tradição, trata-se apenas de uma etapa do campeonato. Não se ia conhecer o campeão estadual nesse domingo. Mas e daí!? Vale a taça, a rivalidade, a festa, a comemoração e a gozação no dia seguinte. Coisa típica do carioca, muito saudável por sinal.

O jogo foi digno do palco, das tradições dos clubes, das torcidas. Gostei muito do jogo e diria o mesmo ainda que saísse perdedor. Vi meu time iniciar o jogo melhor para em seguida o alvinegro equilibrar as ações e logo depois abrir o placar com um belo gol. Depois o que se viu no segundo tempo foi um time de machos partir pra cima de do outro time de..., ah tirem suas própias conclusões. Ou seja, o Flamengo, monstrou, sobretudo, que tinha mais recurso técnico com as duas substituições feitas no intervalo e mais equilíbrio emocional para reagir diante de um resultado adverso frente a um time muito bem treinado até então.

Pois depois do empate através de um pênalti escandaloso, o time de machos exaltado pelo dirigente-torcedor do Botafogo, Augusto Montenegro, perdeu-se inteiramente. Um pediu pra sair (Túlio), outro esqueceu o jogo e preocupou-se com a arbitragem até ser expulso merecidamente (L. Flavio) e ainda outro não foi expulso por milagre após entrada criminosa no jogador do Flamengo (Ferrero). Ora! Finda a partida, começou a caça as bruxas, ou melhor, ao bruxo, no caso, o árbitro. Eleito então o principal algoz do glorioso. Tardelli? Que nada, esse só fez um golaço no último minuto da partida. Mas em nada contribuiu para a derrocada alvinegra.

O Juiz cometeu erros sim, mas nenhum que implicasse caráter decisivo ao resultado final do jogo. Muito menos que pudesse levantar suspeição quanto a sua honestidade. Aquilo foi, no máximo, despreparo. Houve equívocos, para ambos os lados é bom que se diga. Tais quais já aconteceram, inclusive aos auto-entitulados perseguidos alvinegros. Vide título brasileiro em 1995, cujo gol do título foi feito em total impedimento e até mesmo no ano passado, cuja chorada eliminação da Copa do Brasil, no Maracana, com erro grotesco do goleiro botafoguense e discutível da bandeirinha Ana Paula seque teriam acontecido, caso o botafogo não tivesse sido justamente eliminado, também no Maracanã, pelo Atlético/MG, que teve um penalti escandaloso a seu favor ignorado pelo árbitro da partida Carlos Eugênio Simon, que estava a 5 metros do lance.

Mas reclamar da arbitragem falha, imprecisa, é do jogo. É legítimo. O que não pode é colocar sobre ela toda a culpa de um despreparo. De uma total instabilidade emocinal que começa no gabinete da presidência do clube, passa pelo banco de reservas e seu comandante, e termina explodindo dentro do campo. Nenhum alvinegro tá vendo isso? Patética a cena promovida pela diretoria, expondo seus atletas ao ridículo, como se isso fosse mostra de dignidade. Ah, estão revoltados porque trabalham, treinam, se esforçam e na hora H não são recompensados? Será que ninguem do outro lado trabalhou sério não? Será que não tinha do outro lado uma equipe correndo por uma nação que preenchia 2/3 do estádio passando confiança e estímulo a eles. Ora! Isso é muito feio! Ai, ai ai! Esses meninos deixaram o pirulito cair no chão, e estão pondo a culpa no outros. Esqueceram-se que lhes faltaram firmeza nas mãozinhas.

O alvinegro tem que tratar de se curar dos traumas de 2007, sob pena de jogar mais um ano de trabalho fora. Tem plenas condições de ser campeão carioca na na bola e na superação. O pior é que se continuar com essa postura de pobres-coitados não vão fazer por merecer.

SALDAÇÕES RUBRO-NEGRAS


Lances do jogo muito bem pontuados pelo cronista Mauro Beting, do Diário Lance:


9min - Botafogo prejudicado. Dava para marcar recuo intencional de Léo Moura para Bruno.
5min - Botafogo prejudicado. Era lance para cartão amarelo para Souza.
14min - Botafogo prejudicado. Não foi falta no Léo Moura ADENDO 1 (LANCE BEEEM DISCUTÍVEL). Na cobrança, o pênalti marcado para o Flamengo.
14min - Pênalti. Ferrero agarrou e quase tirou a camisa de Fábio Luciano. É sabido que lances iguais não são punidos. Mas esse foi visível e bem marcado.Na confusão que se seguiu (8 minutos!), Lúcio Flávio recebeu o amarelo que seria decisivo. Era o caso? Ele não parece xingar o árbitro. Mas quem ouviu? ADENDO 2 - REVENDO O LANCE, VEJO LÚCIO FLÁVIO AGARRAR A CAMISA DO ÁRBITRO. MERECEU O AMARELO.
18min - Depois do gol de Ibson, Souza foi tomar a bola do catimbeiro Castillo. Empurra-empurra, Zé Carlos empurrou o rubro-negro, Juan trocou chutes com um botafoguense. Melhor seria deixar barato. O árbitro resolveu tirar um de cada lado. Discutível. Os dois expulsos aos 20min.
24min - Em dois lances seguidos, o Botafogo tentou cavar dois pênaltis. Mais uma vez, faltou equilíbrio emocional. O time foi se perdendo.
27min - Lúcio Flávio acerta Juan e erra tudo. Lance para cartão amarelo. Era o segundo. Não sei se era o caso para o primeiro amarelo. Mas não era o caso para o capitão se perder e cometer aquela falta. ADENDO 3. NÃO TERIA MARCADO A FALTA PEDIDA EM JORGE HENRIQUE, NO COMEÇO DA JOGADA.
38min - Flamengo prejudicado. Obina não estava impedido. Mas o atacante também mandou a bola na trave.
38min - Flamengo prejudicado. Ferrero deveria ter sido expulso por entrada feia em Cristian.
44min - O árbitro Marcelo de Lima Henrique dá apenas 5min de acréscimo. No mínimo 9 minutos seriam os mais corretos. Ele queria acabar o quanto antes o jogo para não se complicar ainda mais em um clássico ainda mais atrapalhado pelo ambiente e pelo choro de todos os lados.E acabou errando de vez.

Destacando alguns comentários pertinentes:

"Compreensível em parte o choro dos alvinegros em relação à arbitragem. Foi pênalti em Fábio Luciano, mas durante a partida aconteceram outros lances de agarra-agarra em ambas as áreas. Lucio Flavio mereceu a expulsão, pois já tinha o amarelo. O que não é compreensível é a atitude do presidente do Botafogo, Bebeto de Freitas. O anúncio de que renunciaria ao cargo foi impensado e covarde. Quer reclamar? Mande a torcida alvinegra protestar em frente à Federação do Rio, diga que o árbitro Marcelo de Lima Henrique nunca mais apitará um jogo do Botafogo...Faltou firmeza ao dirigente""Impressionou o descontrole dos alvinegros após o gol de empate. Se julgando prejudicado - o que não aconteceu - o time começou a reclamar de tudo com a arbitragem e se perdeu ao tentar cavar faltas e pênaltis. O desespero de Cuca fora de campo, o pontapé que Lucio Flavio deu em Juan e a entrada criminosa de Ferrero em Cristian (por pouco não quebra a perna como Eduardo da Silva, do Arsenal) foram sintomáticas."

FLÁVIO GARCIA - colunista do http://www.lancenet.com.br/


"O Botafogo perdeu para seu próprio nervosismo. Deixa Souza pegar a bola no fundo do gol e reiniciar o jogo. Se com nove contra dez, houve chance de ganhar a partida, como seria com onze contra onze? O nervosismo já causou a suspensão de Jorge Henrique, ano passado, a demissão e o retorno de Cuca -- com os nove pontos perdidos na gestão Mário Sérgio, o Botafogo seria vice-campeão brasileiro e estaria na Libertadores. O Botafogo não precisa de carinho, nem de compreensão, nem de arbitragens diferentes. Precisa de calma."


PVC - colunista do
http://www.lancenet.com.br/

"O Bota precisa esquecer prejuízos do passado e não perder a cabeça no primeiro lance em que se sente lesado. O choro de Túlio pedindo substituição após o gol de Ibson, o descontrole de Lúcio Flávio até levar o vermelho e tudo que foi dito no vestiário pós-jogo são sintomas de um trauma que precisa ser curado.A diretoria alvinegra também deveria lembrar que o Fla também é opositor da Federação e refrescar a memória com a final da Taça GB de 2006 contra o América e a partida da Copa do Brasil do ano passado contra o Atlético-MG, quando o Botafogo foi beneficiado e Bebeto, Montenegro & Cia. nada disseram. Um time equilibrado poderia ter matado o jogo na pane defensiva do Fla, mas o espírito fatalista que toma a equipe nas dificuldades emperra o crescimento de time e treinador que têm tudo para buscar grandes conquistas."


POR FIM, VAMOS A FESTA:


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