14 novembro 2007

Eu sou da Vila e não tem jeito...





Feitiço da Vila
Noel Rosa / Vadico


Quem nasce lá na Vila
Nem sequer vacila
Ao abraçar o samba
Que faz dançar os galhos,
Do arvoredo e faz a lua,
Nascer mais cedo.

Lá, em Vila Isabel,
Quem é bacharel
Não tem medo de bamba.
São Paulo dá café,
Minas dá leite,
E a Vila Isabel dá samba..

A vila tem um feitiço sem farofa
Sem vela e sem vintém
Que nos faz bem
Tendo nome de princesa
Transformou o samba
Num feitiço descente
Que prende a gente.

O sol da Vila é triste
Samba não assiste
Porque a gente implora:
"Sol, pelo amor de Deus,
não vem agora
que as morenas
vão logo embora.

Eu sei tudo o que faço
sei por onde passo
paixao nao me aniquila
Mas, tenho que dizer,
modéstia à parte,
meus senhores,
Eu sou da Vila!

Sou da Vila já há quase 25 anos. Anos esses muito bem vividos nesse bairro simpático, acolhedor, boêmio e, por que não falar, amoroso. Onde as pessoas se conhecem, mesmo que de vista, pois pelo menos algumas vezes já se cruzaram nas calçadas musicais do Boulevard 28 de setembro. Vila, de Noel, de Martinho, dos inúmeros barzinhos. Vila que não quer abafar ninguém, só quer mostrar que faz samba também. E que samba!

Falando nisso, chegou às telas dos cinemas o filme "Noel, o poeta da Vila". Já tentei ver no último fim de semana, mas não consegui chegar a sessão a tempo. Aliás, queria registrar meu protesto! Como pode, o bairro de Noel, que tem cinema, não se dignar a passar a película? As salas que estão disponibilizando o filme são poucas, o que é lamentável. Noel perder espaço para essa enxurrada de produções americanas que, vamos combinar, nem sempre são tão qualificadas assim. Mas, enfim.

Não sei se o filme é uma produção à altura do artista. Parece-me que sim. Mas, de qualquer forma, vale a pena, e muito, conferir. A história dele é triste, porém bonita. Espero assistir nesse fim de semana, sem falta.

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