12 setembro 2007

Sentimento do dia: indignação!


São Clemente - carnaval 2004

"Boi Voador sobre o Recife: cordel da galhofa nacional"
Autores:
Jorge Melodia, Noronha, Marcos Zero e César Ouro

Onde a zorra vai parar?
Eu tô sofrendo, mas eu gozo no final
A São Clemente faz a gente acreditar
Que no Brasil o que é sério é carnaval

A cobra vai fumar
De além-mar, ao mar de lama
Gostoso é pecar, se lambuzar no mel da cana
Índias que não estão no mapa
Na boquinha da garrafa, cheias de amor pra dar
O tal batavo começou a avacalhar

E como brasileiro gosta de uma obra
Nassau fez até de sobra
Mascarando o leão do norte, lugarejo sem saúde
Onde a maior virtude era viver de armação
Macunaíma, anti-herói idolatrado
Aqui tudo foi tramado pra virar esculhambação

Todo mundo pelado, beleza pura
Todo mundo pelado, mas que loucura
Ninguém segura a perereca da vizinha
É um barato a buzina do Chacrinha

Era a Corte um rebu
Se ouviu o sururu, vai pra ponte que partiu
Com o laranja endividado
O pedágio foi cobrado, o primeiro do Brasil

O boi voou, começou a robalheira
A galhofa, a bandalheira, é chacota nacional
Mas tira o olho, ninguém tasca, eu vi primeiro
Tem muito boi brasileiro prá comer nesse quintal

Onde a zorra vai parar?
Eu tô sofrendo, mas eu gozo no final
A São Clemente faz a gente acreditar
Que no Brasil o que é sério é carnaval...

Pois é, quando tomei notícia da absolvição de Renan Calheiros automaticamente me veio a mente esse samba-enredo da simpática São Clemente. Enredo alusivo a galhofa nacional, cujo precursor fora Maurício de Nassau, que inventou o boi voador, lá em Recife, para arrecadar fundos para as finanças públicas, então à beira da falência. E olha, Nassau era holandês.

Sabe, cada dia mais acredito no dizer do espirituoso carnavalesco Milton Cunha: no Brasil, o que é serio é carnaval. No que diz respeito a sua concepção, vale ressaltar. Pois o resultado da última apuração, já o contradisse. Eu, como salgueirense, falo como propriedade.

SALdações

Nenhum comentário: